::Critica a Mente::

segunda-feira, outubro 11, 2004

[0009] Inferno

"Risquei com raiva o teu número de telefone da minha agenda. Deito-me e começo a repetir em silêncio o teu número de telefone, não consigo deixar de o dizer, como se fosse a única coisa que pode derrotar a minha consciência por inteiro. Um número tão poderoso que sem ele a minha vida corre o risco de se desfazer; de se perder sem nunca mais voltar a encontrar-se. Como se estivesse condenado a repeti-lo até ao fim dos dias, como castigo de te querer como te quero, por maldição. Quero parar este inferno e não consigo. Por fim, exausto, esqueço-me de mim, de ti, de tudo, durante alguns minutos e depois recomeço. O teu número de telefone que me amarra a este mundo de que quero fugir."

[ Pedro Paixão, in "Amor Portátil" ]