A democracia da modernidade ocidental assenta na ideia de contrato social. Este contrato tem características inovadoras e traduziu-se em formas de Estado e sociedade muito específicas. Vivemos um período de crise profunda deste contrato social, que se revela pela predominância dos processos de exclusão social sobre os de inclusão social. Em resultado disto está a emergir uma nova forma de apartheid social, designada neste livro por fascismo societal, e que se caracteriza pelo colapso das mais elementares expectativas de vida da vasta maioria da população. O fascismo societal convive tanto mais facilmente com a democracia política quanto esta perde a capacidade para redistribuir recursos e oportunidades. Assim debilitada, a democracia passa a ser uma democracia de baixa intensidade. A oposição eficaz ao fascismo societal pressupõe a vigência de uma democracia de alta intensidade. Há, pois, que inventá-la.
[ Boaventura de Sousa Santos, do livro «Reinventar a Democracia» ]
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